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Notícias da Igreja Católica

Outra meditação orante de Mateus 16, 21-27

Data: 26/08/2020

Contexto

O episódio que o Evangelho de hoje propõe vem após o texto que lemos e refletimos no passado domingo. Então (cf. Mt 16,13-20), a comunidade dos discípulos expressava a sua fé em Jesus como o “Messias, Filho de Deus” (é sobre essa fé – diz Jesus – que a Igreja será edificada); agora, Jesus vai explicar a esse grupo de discípulos o sentido autêntico do seu messianismo e da sua filiação divina.

Continuamos, ainda, no âmbito da “instrução sobre o Reino” (cf. Mt 13,1-17,27); no entanto, iniciamos, com este episódio, uma seção onde se privilegia a catequese sobre esse destino de cruz que aparece no horizonte próximo de Jesus (cf. Mt 16,21-17,27). Nesta fase, as multidões ficaram para trás e os líderes já decidiram rejeitar Jesus. Quem continua a acompanhar Jesus, decididamente, é o grupo dos discípulos. Eles acreditam que Jesus é o “Messias, Filho de Deus” e querem partilhar o seu destino de glória e de triunfo. Jesus vai, no entanto, explicar-lhes que o seu messianismo não passa por triunfos e sucessos humanos, mas pela cruz (cf. Mt 16,21-17,21); e vai avisá-los de que viver como discípulo é seguir esse caminho da entrega e do dom da vida (cf. Mt 17,22-27).

Mateus escreve o seu Evangelho para comunidades cristãs do final do séc. I (anos 80/90). São comunidades instaladas, que já esqueceram o fervor inicial e que se acomodaram numa vivência religiosa morna e pouco exigente. Com a aproximação de tempos difíceis (no horizonte próximo estão já as grandes perseguições do final do séc. I), é conveniente que os crentes tomem consciência que o caminho cristão não é um itinerário fácil, percorrido entre sucessos e aplausos, mas é um caminho difícil, que exige diariamente a entrega e o dom da vida.

Mensagem

O texto pode, claramente, ser dividido em duas partes. Na primeira (vers. 21-23), Jesus anuncia aos discípulos a sua paixão; na segunda (vers. 24-28), Jesus apresenta uma instrução sobre o significado e as exigências de ser seu discípulo.

A primeira parte começa com o anúncio de Jesus de que o caminho para a ressurreição passa pelo sofrimento e pela morte na cruz. Não é uma previsão arriscada: depois do confronto de Jesus com os líderes judeus e depois que estes rejeitaram de forma absoluta a proposta do Reino, é evidente que o judaísmo prepara a eliminação física de Jesus. Jesus tem consciência disso; no entanto, não abandona o projeto do Reino e anuncia que pretende continuar a apresentar, até ao fim, os planos do Pai.

Pedro não está de acordo com este final e opõe-se, decididamente, a que Jesus se dirija ao seu destino de morte. A oposição de Pedro (e dos discípulos, pois Pedro continua a ser o porta-voz da comunidade) significa que a sua compreensão do mistério de Jesus ainda é muito imperfeita. Para ele, a missão do “Messias, Filho de Deus” é uma missão gloriosa e vencedora; e, na lógica de Pedro – que é a lógica do mundo – a vitória não pode estar na cruz e no dom da vida.

Jesus dirige-Se a Pedro com certa dureza, pois é preciso que os discípulos corrijam a sua perspectiva de Jesus e do plano do Pai que Ele vem realizar. O plano de Deus não passa por triunfos humanos, nem por esquemas de poder e de domínio; mas o plano do Pai passa pelo dom da vida e pelo amor até às últimas consequências (de que a cruz é a expressão mais radical). Ao pedir a Jesus que não embarque nos projetos do Pai, Pedro está repetindo as tentações que Jesus experimentou no início do seu ministério (cf. Mt 4,3-10); por isso, Mateus coloca na boca de Jesus a mesma resposta que, então, Ele deu ao diabo: “Retira-te, Satanás”. As palavras de Pedro – como as do diabo anteriormente – pretendem desviar Jesus da realização dos planos do Pai; e Jesus não está disposto a transigir com qualquer proposta que O impeça de concretizar, com amor e fidelidade, os projetos de Deus.

Na segunda parte, Jesus apresenta uma instrução sobre as atitudes próprias do discípulo. Quem quiser ser discípulo de Jesus, deve “renunciar a si mesmo”, “tomar a cruz” e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega e de dom da vida.

O que é que significa, exatamente, renunciar a si mesmo? Significa renunciar ao seu egoísmo e autossuficiência, para fazer da vida um dom a Deus e aos outros. O cristão não pode viver fechado em si mesmo, preocupado apenas em concretizar os seus sonhos pessoais, os seus projetos de riqueza, de segurança, de bem-estar, de domínio, de sucesso, de triunfo… O cristão deve fazer de sua vida um dom generoso a Deus e aos irmãos. Só assim ele poderá ser discípulo de Jesus e integrar a comunidade do Reino.

O que é que significa “tomar a cruz” de Jesus e segui-Lo? A cruz é a expressão de um amor total, radical, que se dá até à morte. Significa a entrega da própria vida por amor. “Tomar a cruz” é ser capaz de gastar a vida – de forma total e completa – por amor a Deus e para que os irmãos sejam mais felizes.

No final desta instrução, Jesus explica aos discípulos as razões pelas quais eles devem abraçar a “lógica da cruz” (vers. 25-27).

Em primeiro lugar, Jesus convida-os a entender que oferecer a vida por amor não é perdê-la, mas ganhá-la. Quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos não fracassou; mas ganhou a vida eterna, a vida verdadeira que Deus oferece a quem vive de acordo com as suas propostas (vers. 25).

Em segundo lugar, os discípulos são convidados a perceber que a vida que gozam neste mundo não é a vida definitiva. Não devem, pois, se preocupar em preservá-la a qualquer custo: devem procurar encontrar, já nesta terra, essa vida definitiva que passa pelo amor total e pelo dom a Deus e aos outros. É essa a grande meta que todos devem procurar alcançar (vers. 26).

Em terceiro lugar, os discípulos devem pensar no seu encontro final com Deus: nessa altura, Deus dar-lhes-á a recompensa pelas opções que fizeram… Esta alusão ao momento do juízo não é rara em Mateus: ele recorre, com alguma frequência, a esta motivação para fundamentar as exigências éticas da vida cristã.

Para os nossos dias

Na reflexão, considerar este elementos:

• Frente a frente, o Evangelho deste domingo coloca a lógica dos homens (Pedro) e a lógica de Deus (Jesus). A lógica dos homens aposta no poder, no domínio, no triunfo, no êxito; garante-nos que a vida só tem sentido se estivermos do lado dos vencedores, se tivermos dinheiro em abundância, se formos reconhecidos e aplaudidos pelas multidões, se tivermos acesso às festas onde se reúne a alta sociedade, se tivermos lugar no conselho de administração da empresa. A lógica de Deus aposta na entrega da vida ao Pai e aos irmãos; garante-nos que a vida só faz sentido se assumirmos os valores do Reino e vivermos no amor, na partilha, no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade. Na minha vida de cada dia, estas duas perspectivas confrontam-se continuamente… Qual é a minha escolha? Na minha perspectiva, qual destas duas propostas apresenta um caminho de felicidade seguro e duradouro?

• Jesus tornou-Se um de nós para concretizar os planos do Pai e propor aos homens – através do amor, do serviço, do dom da vida – o caminho da salvação, da vida verdadeira. Neste texto (como, aliás, em muitos outros), manifesta-se claramente a fidelidade radical de Jesus a esse projeto. Por isso, Ele não aceita que nada nem ninguém O afaste do caminho do dom da vida: dar ouvidos à lógica do mundo e esquecer os planos de Deus é, para Jesus, uma tentação diabólica que Ele rejeita duramente. Que significado e que lugar ocupam na minha vida os projetos de Deus? Esforço-me por descobrir a vontade de Deus a meu respeito e a respeito do mundo? Estou atento a esses “sinais dos tempos” através dos quais Deus me interpela? Sou capaz de acolher e de viver com fidelidade e radicalidade as propostas de Deus, mesmo quando elas são exigentes e vão contra os meus interesses e projetos pessoais?

• Quem são os verdadeiros discípulos de Jesus? Muitos de nós receberam uma catequese que insistia em ritos, jaculatórias, em práticas de piedade, em determinadas obrigações legais, mas que deixou em segundo plano o essencial: o seguimento de Jesus. A identidade cristã constrói-se ao redor de Jesus e de sua proposta de vida. Que nenhum de nós tenha dúvidas: ser cristão é bem mais do que ser batizado, ter casado na igreja, organizar a festa do santo padroeiro da paróquia, ou ter boas relações com o padre… Ser cristão é, essencialmente, seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. O cristão é aquele que faz de Jesus a referência fundamental ao redor da qual constrói toda a sua existência; e é aquele que renuncia a si mesmo e que toma a mesma cruz de Jesus.

• O que é “renunciar a si mesmo”? É não deixar que o egoísmo, o orgulho, o comodismo, a autossuficiência dominem a vida. O seguidor de Jesus não vive fechado no seu cantinho, olhando para si mesmo, indiferente aos dramas que acontecem perto dele, insensível às necessidades dos irmãos, alheio às lutas e reivindicações dos outros homens; mas vive para Deus e na solidariedade, na partilha e no serviço aos irmãos.

• O que é “tomar a cruz”? É amar até às últimas consequências, até à morte. O seguidor de Jesus é aquele que está disposto a dar a vida para que os seus irmãos sejam mais livres e mais felizes. Por isso, o cristão não tem medo de lutar contra a injustiça, a exploração, a miséria, o pecado, mesmo que isso signifique enfrentar a morte, a tortura, as represálias dos poderosos.

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