Notícias da Igreja CatólicaIII Domingo do Tempo Comum - Ano AData: 24/01/2020 Isaías 8,23 - 9,2; Salmo 26; 1 Coríntios 1,10-13,17; Mateus 4, 12-23. "Se esses pescadores não tivessem nos precedido, quem teria vindo nos pescar?" Sant'Agostino, Discurso 250 Chamados pelo nome Quando perdemos um ente querido, o que mais sentimos falta é ouvirmos ser chamado pelo nosso nome. Quando nos encontramos em uma situação difícil, quando não sabemos o que fazer, quando nos encontramos entre pessoas que não conhecemos, gostaríamos de ouvir o nosso nome. Desejamos ser reconhecidos. Em nossas situações de escuridão, de dúvida, quando nos sentimos sozinhos e inadequados, gostaríamos de ouvir nosso nome pronunciado. Essa palavra se torna luz em meio às nossas trevas, é como se de repente se tornasse dia. É o poder da palavra. E ainda mais o poder daquela Palavra que Deus disse na noite dos tempos e que continua a se repetir nas trevas do coração de todo homem. Na Galileia De fato, Deus alcança todo homem em sua Galileia, nas fronteiras, nas áreas em que nos sentimos excluídos e periféricos. A Galileia é o lugar da inadequação, dos medos e situações em que nos sentimos presos. Precisamente por esse motivo, é a partir daí que Jesus inicia seu ministério (Mt 4,15) e é aí que ele o realiza (Mt 28,16-20). E é aí que ele chama pelo nome ... ao longo do mar. O mar é o símbolo de nossas inseguranças, o lugar onde sempre podemos afundar, o mar é o abismo traiçoeiro. É a imagem da morte. Irmãos Jesus chama pelo nome as duplas de irmãos que correm o risco de ficar presos em suas redes. A rede é a imagem de nossas ambiguidades, serve para pescar, mas também podemos nos enredar nela, como mostra a estátua de Disinganno, localizada na capela de San Severo (em Roma, que abriga principalmente o Cristo velado): uma figura humana tenta se libertar de uma rede, correndo o risco de ficar presa nela. Duas duplas de irmãos, símbolo daqueles relacionamentos que muitas vezes se desgastam e quebram. O livro de Gênesis conta várias histórias de relacionamentos complicados entre irmãos: Caim e Abel, Esaú e Jacó, José e seus irmãos ... É como se nesta página do Evangelho, Mateus quisesse nos apresentar a Jesus que cura esses relacionamentos quebrados: ele nos une, ele nos confia uma tarefa para compartilhar, uma missão comum. Pelo contrário, é precisamente o individualismo, o desejo de puxar a rede apenas do nosso lado, a busca de nosso interesse pessoal, que rompe a rede de relacionamentos. Na noite Jesus vem viver a noite do homem e acende uma nova luz, confiando-nos uma tarefa a ser vivida: a primeira dupla de irmãos está jogando as redes, uma ação que é feita sem se afastar da beirada do lago e de noite. André e Simão são a imagem de quem quer pescar sem se comprometer muito, nunca decola. A segunda dupla de irmãos conserta as redes, repara o que quebrou, sem nunca decidir usar novas ferramentas para renovar suas vidas. Em vez disso, Jesus iniciou sua missão, pedindo aos discípulos que mudassem sua maneira de pensar, expressão que traduzimos principalmente com 'converter-se'. Mas a verdadeira conversão, aceitar o Evangelho, é mudar a maneira de raciocinar. A palavra de Jesus faz com que não fiquemos presos no raciocínio comum que está nos prejudicando. O trabalho em consertar as redes era geralmente realizado pela manhã. Portanto, isso significa que Jesus permaneceu na praia a noite toda, sem parar de chamar todos os homens para uma nova missão. Valorizar Muitos jovens, diante da palavra 'chamado', 'vocação', ficam assustados, como se Deus quisesse pedir que eles perdessem algo bonito em suas vidas. Essa imagem não corresponde ao bom pai anunciado por Jesus. Da mesma forma, quando nos testemunhos vocacionais algum sacerdote ou religiosa declara o grande sacrifício que fez por Jesus deixando fantásticos namoros ou empregos bem remunerados, algumas dúvidas sobre a autenticidade dessa vocação são normais. Jesus nos chama a fazer um investimento seguro sobre quem somos e não tem a intenção de destruir o que ele criou. Para Jesus, estamos bem como somos. De fato, Jesus propôs aos seus discípulos tornarem-se "pescadores de homens", como se garantisse que eles são pescadores e continuarão pescadores. Jesus não quer que percam sua identidade. Propõem-lhes para colocar à disposição do Reino o que são, para que sua identidade se realize e seja completa. Deus quer devolver à tua vida sua real plenitude, Ele não quer tirar nada de ti! Basicamente, ele quer nos chamar pelo nome novamente, para nos dizer que nossa vida sempre vale a pena, que sempre há uma missão a ser realizada, que sempre existe um sentido pelo qual viemos ao mundo. Para a reflexão: ● Que espaço reservas em tua vida para ouvir a Palavra e ouvir o convite de Deus? ● Quais são as redes nas quais te vês enredado e das quais o Senhor deseja te libertar? P. Gaetano Piccolo SI Companhia de Jesus (Societas Iesu) Homepage |