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Notícias da Igreja Católica

Meditação Orante de Mateus 11, 7-11: O que fostes ver no deserto?

Data: 12/12/2019

O texto anterior (Mt 11, 2-6) apresentava o Batista como o profeta. O profeta que se torna pergunta diante de Jesus, a pergunta: És tu? E é nesta pergunta que a profecia tem seu ponto mais alto. O profeta não é um mestre de certeza, de evidência, é um mestre em fazer perguntas. E a pergunta significa disponibilidade em acolher a resposta. Sendo Deus Palavra, a pergunta é a única capaz de apresentar a resposta, a Palavra, a verdade de Deus. Assim o Batista se apresenta como aquela pessoa que não tem certeza, mas questiona e se questiona e está disposta a acolher toda e qualquer resposta que Deus lhe quer dar.

De fato, o Batista esperava um tipo de messias, e veio outro. E isto e fundamental na nossa vida espiritual, porque nós sempre temos as nossas imagens de Deus e, Deus é diferente de toda nossa imagem, porque é Deus. Assim que exatamente o Batista é o profeta porque sabe fazer perguntas, sabe se questionar.

Quem não se questiona tem simplesmente respostas e certezas a toda hora (isto é, tem sempre os ídolos, não Deus). Não está aberto a Deus e busca seguranças em lugar da verdade, procura controlar a situação e agir sempre a próprio favor, em lugar de ter confiança, isto é, exatamente a perversão da fé.

Voltando à figura de João, o Batista, se percebe que ele não é um mestre em respostas, mas é aquele que faz perguntas, e sabe educar as perguntas e sabe fazer perguntas que vão direto à raiz, ao ponto central.

Assim também, como expressão da experiência religiosas, o Batista chega diante de Jesus não apresentando respostas, mas se abrindo àquela que é a comunicação de Deus. Em geral, a religião vai sempre sobre o seguro, aponta certeza. Aqui, no entanto, como por imagem, o Batista é a porta que se abre, o limiar que se abre ao mundo da fé.

Neste texto, Jesus rasga um elogio ao Batista. A pessoa da qual Jesus mais fala é o Batista. Por três vezes diz: Quem fostes ver? Isto quer dizer que é bom saber quem é este homem porque o Batista representa o homem diante de Deus, portanto, o que é ele devemos ser também nós para receber aquele que vem.

Depois o Batista é a voz. Jesus é a Palavra. Existe uma estreita relação: o Batista é a pergunta e Jesus é a resposta. O Batista é a espera, Jesus é a realização. Nunca se pode entender um sem o outro. Por isso a vida de Jesus está estritamente relacionada com aquela do Batista. E é interessante que pergunta e resposta são radicalmente diferentes, mas, porém, estão estritamente unidas, não existe resposta sem pergunta e a pergunta requer uma resposta e uma resposta bem clara. Isto é, a primeira diversidade está entre o Batista e Jesus: existe continuidade e diferença. Assim como na nossa relação com Deus existe continuidade e diferença.

Mas vejamos quem é este Batista que mais ou menos é como deveríamos ser também nós. Torna-se exatamente a figura emblemática, simbólica do crente que se abre para acolher o Outro.

7Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões, sobre João: 'O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?

Jesus fala de João às multidões e a pergunta é tríplice: Que saístes para ver no deserto? Não fostes, saístes! É interessante porque fala às multidões que saíram para o deserto. O Batista é o homem do Êxodo. Quem não está disposto a iniciar o êxodo, a sair para o deserto, a iniciar uma nova caminhada, nunca encontra o Senhor. O Batista é o protótipo do homem que encontra Deus porque é o primeiro que saiu. Jesus comparará o Batista exatamente ao mensageiro do êxodo escatológico.

E a primeira pergunta é: Quem saístes para ver? Um caniço agitado pelo vento? Evidentemente a resposta é: não! O que é um caniço agitado pelo vendo? Alguém dizia que mais ou menos os homens são bambu pensantes! Pensantes é secundário, certamente são caniços que seguem o soprar do vento isto é, seguem o pensamento de um e de outro. Mas, o que o homem quer fazer substancialmente? Como o seu ser é ser visto, então, tenta agradar, segue os diferentes ventos por gostar, para ser aceito, isto é, o princípio de toda ação é ser aceito, ser agradável, ser inserido no grupo. Isto é, somos caniços agitados ao sabor dos ventos, sem identidade.

Encontra-se uma expressão semelhante em Paulo na Carta aos Efésios cap. 4 em que fala da criança à mercê dos ventos das doutrinas isto é, uma instabilidade, uma fraqueza de convicção o contrário daquilo que o Batista se destaca.

O Batista é alguém que como o profeta está diante de Deus; sua identidade é estar diante de Deus, como Elias, o pai dos profetas. Uma pessoa é o que é diante de Deus, aí está sua essência. Sobre isto não se deixa levar nem para a direita nem para a esquerda; o vento sopre de qualquer lado ele está firme.

Exatamente porque diante de Deus que é como o monte em relação à mudança, o cair, a decadência do homem, o profeta, estando diante de Deus adquire esta que não é imobilidade, mas estabilidade. E assim, diante de Deus, todos nós sempre nos perguntamos: Mas quem sou eu? Tudo depende se estás diante de alguma coisa ou diante de alguém. Se estás diante de Deus, és tu mesmo, és à imagem e semelhança de Deus. Mas se estás diante das opiniões tuas ou dos outros, és essas opiniões, és nada! Isto é, és tu ou és nada, não tens identidade. A minha identidade é estar diante de Deus, sou sua imagem. Diante d’Ele sou o que sou. O Batista é aquele que está diante de Deus e reflete a sua imagem, isto é, a liberdade, o amor, a alegria, a glória. Caso contrário, reflete o vento que sopra.

Esta é a primeira característica do Batista que é a primeira característica de todo homem. O homem é como é diante de Deus e é muito lindo o homem diante de Deus, é igual a Deus. E em outro lugar, em nenhum outro lugar encontra esta beleza que só encontra estando diante de Deus e lhe dá a sua identidade, O profeta é aquele que encontra em Deus a própria identidade e em sua Palavra a própria palavra, sua maneira de ver, de julgar e de se julgar.

8O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis.

Repete a pergunta, não um caniço, talvez um homem que veste roupas finas? A roupa é o corpo que alguém se faz, como alguém é visto, como é diante do outro. A roupa torna logo visível a pessoa: de que classe, de que categoria, como quer aparecer ou como consegue aparecer; portanto, indica seu grau de liberdade, afinal. A roupa de rei, a roupa magnífica, a roupa para estar no Palácio é o poder porque é assim; a nudez é aquela de Adão, é a fraqueza. Portanto a roupa representa toda a visibilidade do homem diante do outro homem, aquela aparência que para os homens torna-se realidade, sendo que depois o aparecer se torna ser, se torna poder. Fostes ver um homem vestido a rigor? Não, essas pessoas vivem nos palácios dos reis, naqueles que acreditam ter o poder; mas na realidade são escravos da imagem.

O Batista, no entanto, como sabemos pelo capítulo 3, vestia pelos de camelo, isto é a roupa do profeta, a roupa d deserto, a roupa de alguém que caminha. A roupa do homem verdadeiro. E seu alimento, se fala sempre no capítulo 3, é o mel e os gafanhotos. O mel é o símbolo da palavra de Deus, isto que, o Batista se alimentava da verdade, e os gafanhotos são também símbolo (porque são aqueles animais que vencem a serpente) da Palavra de Deus, porque vence a mentira da serpente, isto é, mais uma vez, a verdade. Ele se veste como profeta e se alimenta com a Palavra e vive no deserto, enquanto nós vivemos nos palácios!

As primeiras duas perguntas e as respostas são que o Batista está de pé, não é um caniço agitado, vive no deserto, não com roupas suntuosas nos palácios dos reis.

Seria interessante ver, nestas imagens, muito simples, o que elas dizem hoje, para nós, quem sou eu? Qual é a minha consistência, qual é a minha identidade? Onde vivo? O Batista tem algo para nos ensinar, não um caniço agitado pelo vento das opiniões, mas o meu ser é estar diante de Deus. O meu aparecer como é? É a apresentação de quem é verdadeiro, de quem está diante de Deus? Porque o exterior deveria deixar transparecer o interior. Não se deve menosprezar o exterior, aliás, quando o exterior será como o interior, diz uma expressão de Jesus em outros escritos que não são do Novo Testamento, será o reino de Deus.

Uma pequena referência do muito que se poderia falar sobre o deserto, isto é, viver no deserto quer dizer também viver numa situação de máxima simplicidade, de essencialidade. Não é um exercício de sobrevivência, mas, realmente, o deserto é uma situação de maior desapego, desembaraço, liberdade em relação às coisas, de posse das coisas, em relação ao domínio das relações. Existe toda uma ampla ressonância sobre o tema do deserto seja no Antigo Testamento como no Novo testamento.

9Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. 10É dele que está escrito: 'Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti'.

Depois de ter afirmado negativamente quem não é, agora diz quem é: É um profeta! O Profeta é aquele que traz a Palavra de Deus e a Palavra de Deus não é algo que fala sobre o que vai acontecer no futuro. A Palavra de Deus fala sobre o presente, fala a realidade. E depois, é verdadeira hoje como é verdadeira também no futuro, por isso projeta o futuro porque nós o descobrimos sempre depois, se tudo correr bem. Mas o profeta não é aquele que anuncia profecias estranhas, o profeta é aquele que tem o juízo de Deus sobre o presente, que vê a realidade aqui e agora.

Normalmente o profeta, como vê a realidade aqui e agora, convida à conversão porque como vivemos esta realidade não é correto, não a vivemos corretamente. Então, nos apresenta o verdadeiro juízo de Deus para viver esta realidade. Por isso, o sinal da profecia é convocar à conversão, é o chamado do Êxodo, o chamado à liberdade. Tanto é verdade que os profetas sempre acabaram mal, jamais louvaram ninguém da corte. Isto é, representam em Israel aquela terceira instituição (a profecia) não-instituição, que é típica de Israel, que contradiz, afinal, o sacerdócio, o templo e o rei. Isto é, a profecia lembra ao rei e aos sacerdotes que não realizam o que devem fazer e os reis e os sacerdotes representam, afinal, todos nós.

O Batista representa este estímulo que abre ao homem a sua verdade e que nunca se fecha em suas certezas, em suas seguranças religiosas ou de poder. Por isto é o homem livre, por isso vive no deserto caso contrário não seria livre e por isso Jesus faz o elogia dele. Só o profeta conhece o Senhor que está chegando.

Depois afirma: Não só é um profeta, é mais que um profeta. Com o Batista termina a profecia porque chega a Palavra. E Jesus diz: Aliás é o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim. Esta citação lembra Êxodo 33,20, quando se diz que: Deus enviará diante de Moisés seu anjo para preparar o caminho. Portanto, o Batista é comparado àquele que realiza o primeiro êxodo da saída da escravidão do Egito, rumo à liberdade da terra prometida.

Depois a mesma citação lembra Isaías 40,3, que é o segundo êxodo, do exílio da Babilônia, que é uma escravidão mais profunda daquela do Egito. Porque os hebreus não se encontravam no Egito por culpa deles, mas na Babilônia aí se encontravam porque desobedeceram à Palavra. Então, a saída da Babilônia, quer dizer sair do próprio pecado que é a escravidão mais profunda.

Depois estas mesmas palavras aparecem em Malaquias 3, o último capítulo do Antigo Testamento, em que se fala do profeta escatológico do terceiro êxodo, aquele do juízo final. O Batista é o profeta dos últimos tempos, depois dele acontece o juízo de Deus e o juízo de Deus é Jesus Cristo, aparece a Palavra de Deus que julga, isto é, salva o mundo. O Batista é aquele que prepara para acolher este juízo de Deus porque lhe pergunta: És tu? Isto é, porque sabe colocar em crise todos os outros juízos, também os mais experimentados religiosamente falando e acolher a resposta. Portanto, o Batista apresenta, seguindo toda a tradição do Antigo Testamento, a síntese do primeiro, do segundo, e do terceiro êxodo, aquele definitivo.

De fato, a situação da escravidão no Egito é como a situação de quem não tem culpa, é o resultado de uma série de fatores alheios à vontade do povo. A outra é uma situação em que o povo, com suas decisões, se tornou responsável pela deportação. Aí se dá o esfacelamento do povo, é a situação de dispersão, de divisão, expressa o pecado que é divisão, conflito, que é a separação. O resgate, o êxodo, é exatamente a saída do Egito e o reunir-se da dispersão do exílio. João Batista é aquele que preanuncia a conclusão definitiva destas situações.

11Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele.

Destacando a primeira afirmação que é muito grande Entre os nascidos de mulher, entre todos os homens, ninguém é maior que o Batista: nem Abraão, nem Adão, nem Jacó, nem Moisés, nem os profetas, nem Elias, é o maior. E Jesus não exagera, se falou isso, é realmente assim. Jesus não é alguém que se move ao sabor do vento. Aliás, o Batista estava preso e não era o caso de fazer um elogio; nunca se elogiam as pessoas presas, se aguarda o juízo e, em geral, já são condenadas antes.

Jesus elogia e diz: O maior entre todos os homens é Batista. Porque é o maior? Porque se faz pergunta e vai além de todas as suas esperanças. Esta é a sua grandeza. Porque não tem alguma segurança, abre mão de todas, coloca tudo em dúvida. Tem esta máxima liberdade de se abrir totalmente a Deus, à resposta. Por isso é o maior dos homens. Enquanto a Abraão foram dadas algumas certezas, que depois não entendia bem, e a terra e a descendência numerosa como as estrelas do céu e a areia do mal, e a Moisés foi prometido a terra. Eles tiveram alguma certeza e depois não é que viram tudo realizado. O Batista é aquele que renuncia a toda certeza e pergunta: És tu? Portanto, está disposto a acolher Deus assim como é, como se apresenta. Esta é a sua verdadeira grandeza. A grandeza do homem é se questionar.

A segunda afirmação por contraste torna-se ainda mais forte: o menor dos céus é maior que ele. O Batista é o maior de todo, o menor dos filhos de Deus, da nova economia, é maior do que ele. Porque o Batista representa o ponto de chagada do homem. O menor no reino dos céus é o ponto de partida do Filho de Deus. O Batista é o homem que se abre a acolher Deus; o menor no reino dos céus é aquele que já recebeu Deus. Por outro lado, o primeiro a ser o menor no reino dos céus será exatamente o Batista, porque antecede Jesus e praticamente o segue anunciado o destino, reconhecendo-o, aceitando-o como é. E isto está para indicar a grande dignidade à qual é chamado cada um de nós. Temos consciência que cada um de nós que acolhe realmente Deus tem uma grandeza superior ao maior entre os homens? Isto é, a dignidade do crente é acolher o próprio Deus e, portanto, é maior que todos os patriarcas, de todos os profetas, de todos os reis, de qualquer um, também do menor.

Existe muito pouca consciência da dignidade de sermos filhos de Deus que, no entanto, é o alicerce de todo o cristianismo. Por que estou no mundo? Para me tornar Filho de Deus e para viver, depois, cada vez mais esta realidade em plenitude. Enquanto, em geral, nos colocamos tantos objetivos intermediários, que normalmente são mesquinhos, não dão o sentido da vida; qualquer objetivo não satisfaz se se torna o objetivo da vida. Poderia ser útil se te faz fazer o que deves fazer; alcanças os teus objetivos que se servem para viver, mas não são o sentida da tua vida. O sentido da vida é receber a resposta a esta pergunta que és filho, é o teu diálogo com Deus, é a tua dignidade de filho de Deus. É este o sentido da vida.

Textos para o aprofundamento:

● Salmo 45;

● Êxodo 23, 20;

● Isaías 40, 3;

● Malaquias 3, 1-ss;

● Mateus 3, 1-ss.

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